Imagem / Reprodução 3I/Atlas
A descoberta do objeto interestelar 3I/Atlas, feita em 1º de julho de 2025 pelo sistema ATLAS, no Chile, reacendeu o interesse da comunidade científica e do público. Classificado como o terceiro corpo celeste de origem fora do Sistema Solar – depois de 1I/‘Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019) – o cometa está em rota de aproximação máxima com a Terra para o dia 19 de dezembro, a cerca de 270 milhões de quilômetros, o dobro da distância Terra‑Sol, sem representar risco de colisão.
A passagem tem sido acompanhada de perto por dois dos principais observatórios espaciais. Em 30 de novembro, o Telescópio Espacial Hubble registrou a imagem do núcleo brilhante rodeado por uma coma de gás e duas caudas – uma de plasma e outra de poeira – usando a Wide Field Camera 3, a uma distância de 286 milhões de quilômetros. Poucos dias antes, a sonda Juice, da Agência Espacial Europeia, que segue rumo a Júpiter, capturou o cometa a 66 milhões de quilômetros, empregando cinco de seus instrumentos e revelando detalhes da coma e das caudas com a NavCam.
Os dados obtidos já trazem informações intrigantes. A trajetória hiperbólica indica excentricidade de 6,2, confirmando a origem interestelar, enquanto análises espectroscópicas apontam para gases como dióxido de carbono e até níquel em proporções diferentes dos cometas nativos. Estimativas de tamanho variam de 440 metros a 5,6 quilômetros, podendo chegar a 15 quilômetros de diâmetro, o que faria de 3I/Atlas o maior objeto interestelar já observado. Alguns estudos sugerem que o corpo poderia ter até 7 bilhões de anos, muito mais antigo que o próprio Sol.
Astrônomos ressaltam a importância da oportunidade: além de ampliar o conhecimento sobre a formação de outros sistemas estelares, as observações simultâneas do Hubble e da Juice ajudam a validar técnicas que serão usadas em futuras missões interplanetárias.
Para quem deseja acompanhar a passagem, telescópios com abertura entre 150 e 200 mm equipados com câmera CCD são suficientes; o brilho do cometa deve aumentar nas semanas que antecedem 19 de dezembro, quando estará na constelação de Sagitário, movendo‑se para o hemisfério sul.
Embora a distância seja segura, a visita de 3I/Atlas serve como lembrete da vastidão e da diversidade do cosmos, inspirando curiosidade e reforçando a necessidade de vigilância e estudo dos corpos que cruzam nosso caminho celeste.
